Uma selecção de primeiras páginas da imprensa britânica.

O que dizem os jornais

Em quem devem os britânicos votar em 6 de Maio? Aqui fica uma selecção de primeiras páginas e de colunas de opinião da imprensa do país. Uma coisa é evidente: apesar de a Grã-Bretanha não estar “falida”, como os conservadores reivindicam, está certamente encrespada.

Publicado em 5 Maio 2010 às 15:17
Uma selecção de primeiras páginas da imprensa britânica.

Sobre Gordon Brown

“Apesar de ser um primeiro-ministro desgraçado, isso não faz de Gordon um insignificante. Longe disso, trata-se do maior político que tivemos desde a senhora Thatcher – um homem de grande envergadura em qualquer época e que surge como um titã, nesta em que vivemos. O facto de ter Prometeu como modelo, com o fígado a ser-lhe diariamente consumido, realça a sua extraordinária capacidade para provocar ataques sádicos e para a inútil regeneração que se lhe segue.” Em breve, o tormento de Gordon chegará ao fim. Matthew Norman emThe Independent.

Sobre Nick Clegg

“Clegg marca pontos por parecer totalmente sincero. Uma vez mais, assistimos a uma hierarquização. Brown esforça-se por comunicar num inglês directo e humano; Cameron é melhor, dominando a frase simples e fluente, mas deixa dúvidas sobre se as suas palavras não serão apenas as de um vendedor ardiloso. Clegg é tão fluente como Cameron, e as suas palavras são ainda mais coloquiais e fáceis compreender. E tem uma grande vantagem sobre o seu rival conservador: ninguém coloca em questão a sua sinceridade. É visto como perfeitamente genuíno.” O terceiro violino no centro do espectáculo. Jonathan Freedland em The Guardian.

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Sobre porque a Grã-Bretanha deve votar nos Conservadores

“O New Labour [Partido Trabalhista reformado de Tony Blair] será ainda recordado por corromper o processo democrático, politizar a Função Pública, transformar juízes em legisladores através da Lei dos Direitos Humanos, castrar a Câmara dos Lordes e destruir um sistema privado de pensões que fez, em tempos, a inveja do mundo. Presidiu a uma previdência social que desincentiva de trabalhar, lançou-se numa série de guerras sangrentas e altamente contestáveis, enganou-nos em relação ao referendo do Tratado de Lisboa e estimulou uma imigração maciça inaudita – conseguindo, assim, colocar os nossos serviços públicos sob uma tensão insuportável e desferindo golpes sobre a nossa identidade como nação.” Vote decididamente para que a Grã-Bretanha deixe de avançar às cegas para o abismo. Editorial de The Daily Mail

Sobre porque a Grã-Bretanha não deve votar neles

“Não tenho nenhuma fobia aos Conservadores. Isso remeteria para uma resposta irracional. Eu odeio-os por uma razão. Por imensas razões, na verdade. Pelas greves dos mineiros, pelo apartheid, por venderem edifícios públicos, por alimentarem os bolsos dos ricos à custa dos pobres – só para enunciar uns quantos… Em jovem, Cameron olhou para o massacre social dos encerramentos das minas e do desemprego maciço, analisou o Governo de Margaret Thatcher e pensou: esta é a minha gente.” Odeio Conservadores. Gary Younge em The Guardian.

Sobre raça

“Sinceramente, nunca pensei ver o dia em que o Partido Conservador escolheria localmente como candidato um empresário sikh nascido em Birmingham, e mesmo que ainda me custe encaixar o conceito de um Tory asiático – parece tão improvável como um coelho que mie –, se esse filho de imigrantes for eleito para o Parlamento, que foi Conservador de 1950 até que Tony Blair ascendeu a primeiro-ministro, isso vai ser um sinal encorajador de que a política em Wolverhampton, a primeira cidade da Grã-Bretanha a receber uma imigração maciça, foi finalmente des-racializada.” Sou Trabalhista, mas… Sathnam Sanghara emThe Times.

Sobre o assunto de que ninguém fala

“Vivemos tempos graves para o nosso país; mais graves do que a maioria parece entender. É uma pena que o insulto patético e, para ele, mortal de uma mulher a Gordon Brown, falando pela Inglaterra na semana passada, tivesse desviado a atenção da que teria sido a história mais significativa desta eleição: o relatório do Instituto de Estudos Fiscais sobre a incapacidade de todos os partidos esclarecerem como abordariam o défice. Permite-se aos partidos situarem-se num universo paralelo à economia real e aos mercados internacionais reais, com o eleitorado aparentemente satisfeito por vê-los falar de “valores”, “sociedade em geral” e “equidade”, numa espécie de simulacro de debate político. Mas a realidade está prestes a chegar por cá, lá para sexta-feira.” Vote com cuidado e prepare-se para o pior. Simon Heffer em The Daily Telegraph.

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