Paris cede às euro-obrigações

Publicado em 21 Junho 2012 às 12:36

As euro-obrigações não são para já. França, pela voz do seu primeiro-ministro, acaba de aceitar o que a Alemanha vem repetindo há meses. Em entrevista dada ao semanário alemão Die Zeit, Jean-Marc Ayrault reconhece que

uma comunitarização das dívidas carece de uma integração política mais forte que irá demorar alguns anos a realizar. Simplesmente, não podemos esperar tanto tempo para agir. Mais uma vez, o tempo urge.

O chefe do Governo francês, ao criticar de novo toda a austeridade, evoca porém outras soluções para a crise do euro:

Devemos encaminhar-nos para uma supervisão bancária comum, com um sistema europeu de garantia de depósitos. Podemos igualmente encontrar soluções que permitam aos Estados-membros um acesso mais fácil aos meios financeiros [...]. No curto prazo, o papel do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) devia ser reforçado. Em determinadas circunstâncias, devia ser autorizado a agir como banco para evitar que os Estados-membros se endividem ainda mais à custa dos contribuintes.

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Em Paris, La Tribune constata que “ao alinhar nas euro-obrigações, o novo Governo francês abandona o essencial do seu programa europeu. Recordando as vivas críticas da chanceler Angela Merkel às propostas de François Hollande, o diário estima que

o novo Presidente francês tomou nota da lição. Esqueceu pois a promessa de mutualização da dívida que, mais uma vez, apoiava vigorosamente. [...] Esqueceu-a como esqueceu a ideia que tinha de remodelar o BCE de acordo com o modelo do FED [o banco central americano], verdadeiro cassus belli para Berlim. Tal como esqueceu a renegociação do pacto orçamental optando por inserir ‘uma janela de crescimento’ reduzida agora a medidas pontuais, que ninguém acredita seriamente que tenham qualquer impacto na conjuntura europeia e menos ainda na francesa.

“Com estes retrocessos”, conclui La Tribune, “Paris assume a sua posição de fraqueza na Europa”.

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