Ainda haverá alguma razão para celebrar, no dia da festa da Europa e do aniversário da declaração Schuman, considerada como o ato fundador da União? Nem por isso, dir-nos-ão,
Na verdade a Europa não podia estar pior: atingida pela pior crise económica e institucional do pós-guerra; dividida entre o Norte virtuoso e exausto pela solidariedade e por um Sul que vem atrás; bloqueada na integração pelos vetos cruzados dos países membros, ciosos da sua soberania; dilacerada por todos os lados pela tentação de saída de uns e de confrontação de outros; vítima do desinteresse dos seus cidadãos e por aí adiante. Em resumo, dizem os seus mais ardentes adversários, a explosão é apenas uma questão de tempo.
No entanto, há razões para acreditar que a Europa já tocou no fundo e que está em vias de voltar à superfície. Os sinais são certamente falíveis – e é preciso uma boa lupa e uma certa dose de otimismo para os perceber. Mas estão aí.
A União Bancária, indispensável para evitar uma outra crise da dívida soberana, parece mais próxima desde que, a 7 de maio, a Alemanha, a classificou como “projeto prioritário”, afirmando desejar que seja adotada “rapidamente”.
O euro, ao qual não se augurava grande futuro ainda há seis meses, porta-se melhor e parece agora claro que ninguém na Europa quer que desapareça, a começar por Berlim. Os países membros da zona euro parecem, por outro lado, ter compreendido que não podem continuar a partilhar a mesma moeda sem coordenarem a sua política económica.
Quanto ao relançamento, Berlim – sempre ela – parece ter tomado consciência de que o seu interesse não é ter parceiros certamente diligentes, mas exangues, e começa a flexibilizar a sua posição no que diz respeito às políticas de rigor orçamental, precedida por Bruxelas. As pressões de Paris, de Madrid e do novo Governo italiano não são estranhas a tal facto.
Na verdade, ainda não saímos do túnel, mas presentemente, vemos uma luz lá ao fundo. E não são as dos faróis de um comboio.
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