Retrato do "homo politicus" europeu

Publicado em 20 Setembro 2010 às 14:30

No ano passado, assinou uma petição, deu um donativo a um partido político, participou numa manifestação legal ou ilegal? Desde 2002 que este tipo de perguntas é feito com regularidade pelos sociólogos, numa amostragem de duas mil pessoas em 20 países europeus. O objetivo é estudar e compreender melhor o que mais ou menos nos leva (ou nos afasta) a empenharmo-nos na vida política, para além de votarmos nas eleições.

Um estudo comparativo realizado por dois sociólogos checos a partir dos resultados deste questionário revela que os europeus politicamente mais ativos são os escandinavos – noruegueses, suecos, finlandeses, ao passo que os eslovenos, polacos e húngaros ocupam o fim da lista. O estudo revelou igualmente que os checos são os mais ativos politicamente de todos os países ex-comunistas, à frente de portugueses e gregos.

O Homo politicus bohemicus , como lhe chama o Lidové noviny, revela no entanto uma faceta de contestação pouco ativa. A experiência democrática anterior ao comunismo, mais longa na Checoslováquia do que na Hungria, Polónia, ou Eslovénia, permitiu "manter na pessoa as fórmulas das atividades democráticas e políticas", explica ao diário um dos autores do estudo, Tomáš Lebeda, sociólogo no Instituto de Sociologia de Praga.

"Tirando a experiência com a democracia, há outros fatores que podem ajudar a medir o envolvimento dos europeus na vida política", explica o Lidové noviny: a maturidade económica do país medida pelo PIB per capita e poder de compra, o caráter tradicional ou moderno da sociedade (as sociedades rurais são mais passivas do que as sociedade com acesso à internet de banda larga), o nível de educação (as pessoas com mais estudos têm mais interesse pela política, orientam-se melhor nos debates e querem mais vezes influenciar a vida política).

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"A auto identificação no espetro político, à esquerda ou à direita", assume igualmente um papel importante, nota o jornal. Nas democracias ocidentais, as atividades de protesto, as petições, ou as manifestações são geralmente conotadas com pessoas mais à esquerda. Nos países pós-comunistas, em contrapartida, são as pessoas à direita que se manifestam, boicotam e assinam petições. "A repugnância da esquerda contaminada pela ideia do Governo não democrático dos antigos regimes comunistas persiste", observa Tomáš Lebeda.

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