
Na Alemanha, a primeira consequência política do desastre nuclear no Japão foi "a reação em cadeia de Merkel", diz o título do Tageszeitung. Em 15 de março, a chanceler anunciou o fecho de sete reatores em funcionamento desde 1980, uma medida decidida no outono passado e que tinha sido mal acolhida pela opinião pública. Ao longo desses três meses, as 17 centrais nucleares do país serão sujeitas a inspeções de segurança. Contudo, adianta este diário, os resultados já são conhecidos: muitas das velhas centrais não foram construídas de modo a resistir a quedas de aviões e os seus níveis de segurança não podem ser melhorados. A central de Neckarwestheim, no sul do país, considerada obsoleta vai, aliás, ser desligada da rede. Num editorial intitulado "Governo tenta prolongar o seu prazo de validade", o diário de Berlim salienta que o anúncio de Merkel coincide com atos eleitorais em três Länder importantes do país. "Então, é só retórica? Não. A coligação não vai poder continuar a travar o debate sobre o abandono gradual do nuclear. A reação da opinião pública ao desastre nuclear no Japão foi demasiado forte."