Dublin (Irlanda), 22 de Fevereiro de 2009 : Membros da Confederação Geral dos Sindicatos irlandeses manifestam-se contra as consequências da crise na banca para os assalariados.

São precisos 27 para salvar a Europa

Desde o início da crise, que os governos nacionais insistem em ignorar as recomendações de Bruxelas em matéria económica. Mas é bom que se lembrem que foram a UE e a moeda única quem salvaram alguns países da falência. Para o El País, a Europa só ganharia se os governos passassem a agir de forma menos unilateral.

Publicado em 29 Junho 2009 às 17:28
Dublin (Irlanda), 22 de Fevereiro de 2009 : Membros da Confederação Geral dos Sindicatos irlandeses manifestam-se contra as consequências da crise na banca para os assalariados.

A União Europeia pode andar deprimida, mas continua a ser importantíssima. Foram as instituições europeias que conseguiram aguentar o embate da crise, o que não é nada pouco se pensarmos no que sepassa nos países europeus que não pertencem à UE e nos Estados não membros da União Monetária.

Precisamos mesmo é de um plano que salve a UE dos governos que a querem desmantelar. Nestes últimos meses, a Comissão Europeia foi ignorada demasiadas vezes, com os governos a comunicarem directamente à imprensa uma série de medidas de ajuda pública (proibidas pelos Tratados para não distorcer a concorrência), sem o aval de Bruxelas, ou a aumentar os níveis do défice público muito para além do permitido, sem qualquer discussão prévia com a Comissão Europeia sobre o teor e as modalidades das referidas medidas. E quando a Comissão tentou intervir na concepção dos planos de estímulo nacionais, os Estados-membros puseram-na à margem sem qualquer cerimónia.

Passado o primeiro embate da crise, a Europa mostrou-se incapaz de passar à ofensiva. Por isso, é imprescindível um debate aprofundado que nos permita delinear os instrumentos de governação económica mais eficazes para assegurar a prosperidade e o bem-estar de todos os cidadãos da União Europeia.

Podemos deitar as culpas para cima da Comissão Europeia por não ter liderado a saída para a crise, mas não seria justo. É verdade que a Comissão Barroso foi demasiado servil com os governos, mas o fenómeno é muito mais complexo. Há uma verdade incómoda que muitos se recusam a admitir: em Berlim, Paris e Roma, obviamente em Londres, também às vezes em Madrid e em muitas outras capitais europeias, a Comissão é vista como um obstáculo a ultrapassar, uma fonte de restrições no momento de satisfazer os interesses nacionais, e não como uma oportunidade para os ultrapassar. Houve algo que falhou na psicologia comunitária, e devemos falar disso, em vez de o ocultarmos: poucos confiam hoje na Comissão como instrumento para defender os seus interesses. Para os Estados-membros maiores, a Comissão Europeia é hoje alguém a quem se submetem; para os Estados-membros mais pequenos, é simplesmente alguém a quem tentam fugir, enganar ou ignorar. Não há dúvida de que o verdadeiro plano de resgate que nos faz falta é aquele que puder salvar a Europa destes governos.

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