Suprima-se o irritante termo

Publicado em 20 Setembro 2012

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De Morgen abre esta manhã com um título notável: “Por que será que no Morgen não utilizamos o termo ‘alóctone’”, utilizado na Holanda e na Bélgica flamenga para designar os imigrantes ou questões de imigração, mas contestado por causa da estigmatização que suscita?

O chefe de redação Wouter Verschelden explica a sua opção:

O jornal decidiu não utilizar este termo muito vago que, por definição, designa as pessoas que não são de cá, mas que, na realidade, não é utilizado para designar holandeses, franceses ou alemães. É um termo amplo que inclui um número ilimitado de qualidades: muçulmano, pouco formado; desfavorecido; árabe; norte-africano; não europeu.

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O jornal refere também que se trata de um “fenómeno linguístico único”:

Em inglês e em francês, este termo pura e simplesmente não existe. [...] nestes países nunca se agrupam pessoas por um único denominador comum. [Trata-se de uma] “catalogação simplista, muito pouco matizada, de um grupo de pessoas” [e até mesmo os filhos de imigrantes] “têm grandes hipóteses de serem catalogados como ‘alóctones’”. Quando é que uma pessoa deixa de ser considerada alóctone? Será que fazemos jornalismo de qualidade quando utilizamos este termo, quando temos consciência de que estigmatiza e exclui?

“Não”, responde o jornal, afirmando que não quer minimizar “os problemas relativos à coabitação multiétnica e multirreligiosa”. A decisão deste diário não caiu do céu; está relacionada com um contexto de acontecimentos recentes no país, como o filme tumultos em Antuérpia como reação ao filme A inocência dos muçulmanos, a que se seguiu a polémica provocada pela intenção do dirigente nacionalista flamengo Bart De Wever de substituir o slogan da cidade de Antuérpia – “A cidade é de todos” – caso seja eleito para a presidência da Câmara no dia 14 de outubro.

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