Uma Europa a duas velocidades

Publicado em 5 Janeiro 2012 às 13:37

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"O desemprego divide a Europa em duas", diz o título de La Tribune, que refere disparidades significativas entre a Europa do Sul e a Europa do Norte: "A Alemanha apresenta a taxa mais baixa desde 1991, enquanto a [taxa de] Espanha dispara para o máximo de cerca de 23%. E a publicação, na sexta-feira, das estimativas da Comissão Europeia para a zona referentes a dezembro deverá confirmar essa diferença", precisa o diário económico de Paris, que acrescenta: "Esta dicotomia europeia reflete sobretudo o estado das economias do Velho Continente. Uns mergulham na recessão (Grécia, Portugal, Espanha), os outros conseguem manter um ritmo de crescimento, ainda que modesto”.

Para o Financial Times, entre as razões do estado de saúde dos países do Norte, designadamente o Luxemburgo, a Holanda, a Áustria e a Alemanha, incluem-se as reformas do mercado do emprego realizadas antes do início da crise, que "ajudaram a tornar os trabalhadores desses países competitivos a nível internacional – um fator marcadamente ausente nos países da periferia". Aquele diário da City sublinha ainda que, nos países em melhor situação, existe uma forte tradição de exportação em setores que beneficiaram da retoma rápida das economias emergentes, após a recessão de 2009. Sem esquecer políticas de emprego específicas, como a da Alemanha, que prefere o recurso ao desemprego parcial aos despedimentos.

É precisamente esse argumento que o Tageszeitung, de Berlim, tenta desmistificar. As reformas lançadas por Berlim não criaram novos empregos: redistribuíram os empregos existentes entre um número mais significativo de trabalhadores, criando de caminho um setor de salários baixos. Assim, o TAZ refere a existência de 8,4 milhões de alemães "subempregados" e recorda que o fosso entre ricos e pobres, no país, está aumentar mais rapidamente do que nos outros países industrializados. Entretanto, salienta o jornal, para comemorar o número recorde de 41 milhões de empregados, o Governo gastou recentemente 330 mil euros na campanha de cartazes com os dizeres: "Danke Deutschland - Wirtschaft. Wachstum. Wohlstand" [Obrigado Alemanha – Economia. Crescimento. Prosperidade].

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