A taxa de desemprego entre os jovens mais do que duplica o índice geral. Entre os que arranjam emprego, só cerca de um terço escapa à regra dos contratos a termo, recibos verdes e outras formas de precariedade. Um em cada dez licenciados abandona o país. É o retrato de uma geração sem saída. Em tempos de greve geral, não espanta que as centrais sindicais tenham colocado os jovens na primeira linha da luta.
Sendo Portugal um país com baixa qualificação académica da sua força de trabalho – e tendo em conta a importância da formação num mundo cada vez mais competitivo –, o número crescente de licenciados a saírem das universidades deveria ser uma boa notícia. Mas não é. No atual cenário de crise, os jovens são os mais prejudicados pela extinção de postos de trabalho e, entre eles, os que investiram na formação académica são exatamente os que se deparam com mais portas fechadas.
Elísio Estanque, professor de Economia e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, considera que este discurso das centrais sindicais é “ainda mais apropriado pelo facto de o instinto de sobrevivência e o individualismo criarem junto dos jovens alguma resistência às formas de luta coletiva”. Cabe ao sindicalismo encontrar “formas de os sensibilizar e mobilizar”.
“O individualismo assume-se em situações de desafogo, quando há oportunidades. Em situações de crise, isto muda”, diz Elísio Estanque, convicto de que “o individualismo já atingiu o seu ponto de exaustão”. “Acho natural que, por desespero ou consciencialização, os jovens comecem a organizar-se de outra forma.” Nesse sentido, “a recente invasão pacífica de um ‘call-center’ pode ser um sinal dos tempos”.
Formas de luta mais imaginativas conseguem tornear as dificuldades colocadas por um sistema que os impede de “dar a cara de forma explícita”. Com contratos a prazo ou a recibos verdes, não é fácil afrontar a entidade patronal, para mais numa altura em que se vive um “défice democrático”, na opinião de Elísio Estanque: “Ser sindicalizado é ser criminoso, diabolizam-se os sindicatos de forma excessiva. E a repressão, o controlo e o despotismo acabam por privilegiar os medíocres em detrimento dos mais competentes. A fidelidade é mais importante do que a competência.”
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Áustria
Juventude perdida?
Podemos estar perante uma "geração perdida"?, pergunta o Falter, depois de constatar que, no seio da União Europeia, um em cada cinco jovens com menos de 25 anos não tem emprego. Um em cada dois nos casos de Espanha, da Letónia e da Lituânia. Na Áustria, onde a taxa de desemprego entre os jovens é “apenas” de 9%, dois terços dos jovens com menos de 25 anos que estão desempregados são filhos de imigrantes, sublinha o semanário de Viena. As suas competências, nomeadamente linguísticas, não são valorizadas, acrescenta o Falter: apenas 2% dos patrões exigem, de facto, o domínio de uma língua estrangeira que não seja o inglês. “O que é espantoso numa cidade que vive das exportações e onde uma em cada duas pessoas tem origem estrangeira”, escreve o Falter.