Floresta russa. Foto de Nepthtys

O pulmão da Europa fica no leste

Investigadores fizeram um "balanço do carbono" dos ecossistemas terrestres europeus. Resultado: são reabsorvidas cerca de 20% das emissões de CO2 lançadas na atmosfera.

Publicado em 25 Maio 2009
Floresta russa. Foto de Nepthtys

Alimentado pelas emissões de gases de efeito de estufa que decorrem de uma utilização desenfreada das energias fósseis, o processo de aquecimento climático tem sido travado, até agora, graças ao papel de tampão desempenhado por alguns "poços de carbono naturais" (reservatórios naturais que absorvem o carbono da atmosfera e contribuem para diminuir a quantidade de CO2; os principais são os oceanos e certas zonas verdes). Cabe-lhes a absorção de cerca de metade do CO2 que atiramos para a atmosfera.

Mas precisamente quanto dióxido de carbono os ecossistemas terrestres europeus capturam e libertam? Foi a esta pergunta que tentaram responder várias centenas de investigadores reunidos no projecto "CarboEurope". Entre 2004 e 2008, analisaram as trocas de carbono numa centena de locais da Europa continental (da costa atlântica ao Ural), nomeadamente zonas florestais, prados, áreas de cultura e, em menor escala, turfeiras. Todas as espécies representativas da União Europeia e todas as latitudes foram tidas em conta nestas investigações. De que resultou um "balanço do carbono" global, que acaba de revelar resultados muito interessantes.

Dele ressalta que o conjunto dos ecossistemas terrestres da Europa continental constitui efectivamente um poço de carbono. Em média, e ainda que existam variações regionais, "cerca de 20% das emissões de CO2 resultantes da utilização de combustíveis fósseis são absorvidos por esta biosfera. Mas o valor passa para 10% no âmbito da Europa dos 25." Aqui, o balanço torna-se mesmo nulo, se se incluir o impacto do metano e do protóxido de azoto que, embora presentes em menor quantidade, revelam um poder de aquecimento claramente superior ao do dióxido de carbono.

"Quase 60% dos poços de carbono da Europa continental situam-se nos países de Leste, principalmente na Rússia", prossegue o nosso interlocutor. "As florestas constituem o instrumento natural mais eficiente para armazenar o CO2 a longo prazo", observam ainda os investigadores; mas os prados dão também um contributo importante, pois retêm mais carbono no solo do que as zonas florestadas. As terras cultivadas, em contrapartida, constituem um ponto negro: "Constata-se que são fontes de emissão e não poços. A agricultura europeia liberta pouco dióxido de carbono, mas é uma fonte essencial de outros gases de efeito de estufa, como o metano e o protóxido de azoto." Uma consequência, ao que parece, de certas práticas agrícolas intensivas.

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O estudo transmite ainda outras informações significativas sobre a capacidade das florestas reterem CO2. "Se nos colocarmos numa escala espacial e numa escala temporal mais vastas, observamos que o primeiro factor que influencia esta capacidade é a idade da floresta, mas que é igualmente influenciada pelos depósitos de azoto atmosférico." E o que é melhor ainda, as florestas mais antigas continuam a acumular carbono, quando se considerava até agora que o seu balanço era neutro. Um elemento que não deixará de ser tido em consideração pelos países que têm superfícies arborizadas significativas. Falta agora estudar os melhores meios para gerir estes "poços", a fim de manter ou mesmo aumentar a sua eficácia.

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