O Presidente Obama, apenas há dois anos o depositário de todas as esperanças do mundo, prepara-se para ser derrotado pelo fenómeno Sara Pallin transformado em movimento político. Angela Merkel, que preside a uma Alemanha cuja economia cresce para além de todas as expectativas e o desemprego é o mais baixo dos últimos 20 anos, não consegue estancar a queda de popularidade nas sondagens. Nicolas Sarkozy, o super-Presidente que prometeu aos franceses "trabalhar mais para ganhar mais", enfrenta uma revolução nas ruas.
A Europa vive uma perigosa mistura de contestação social, de fechamento e de rejeição da imigração que não pressagia nada de bom, assegura Teresa de Sousa nas páginas de opinião do Público, através de uma analogia entre a situação que se vive nos Estados Unidos e na Europa. Os europeus, como os americanos, temem pelo seu futuro e não confiam nas elites que os governam. Não compreendem o mundo que emergiu desta crise, temem a China como temem o "outro" que vive na porta ao lado. Muitas das certezas que tinham desapareceram.
A maior diferença talvez seja que Obama, apesar de tudo, tem um discurso que faz sentido para esse mundo em mudança acelerada, mesmo que o que ele diz não chegue para tranquilizar os americanos. Na Europa, é difícil vislumbrar um discurso que fale verdade aos cidadãos e que lhes aponte um caminho que faça sentido, por mais difícil que seja. Só isso daria força ao centro e mobilizaria os moderados. E isso vai ser cada vez mais necessário, sob pena de a rua vencer a política, em vez de ser a política a responder aos anseios da rua, conclui a cronista.