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A alteração climática já está afetar a Europa

Os principais perigos climáticos já estão a afetar a Europa e continuarão a fazê-lo cada vez mais, tal como é revelado numa série de mapas publicados pela Agência Europeia do Ambiente (AEA).

Publicado em 25 Fevereiro 2020 às 23:05

Os impactos, calculados através de diferentes cenários de emissões de gases de efeito estufa e modelos climáticos, só podem ser reduzidos mantendo o aumento da temperatura global bem abaixo de 2 °C, como exige o Acordo de Paris.

“A alteração climática já está a afetar-nos e será cada vez mais grave no futuro, mesmo que os esforços a nível global para reduzir as emissões sejam eficazes”, revela a AEA. “No entanto, o impacto será muito menos severo se os esforços para reduzir as emissões forem bem-sucedidos. […] Qualquer cenário com emissões mais elevadas levaria a uma alteração climática consideravelmente maior.”

Os mapas da AEA mostram, nomeadamente, cenários baseados em secas progressivas, insegurança alimentar, chuvas fortes, incêndios florestais e aumento do nível do mar, todos eles interligados.

Grande parte da Europa experienciou mais secas, meteorológicas e hidrológicas, ao longo do século XXI. O maior aumento previsto está projetado para o sul da Europa, “onde a concorrência entre os utilizadores de água, como a agricultura, as indústrias, o turismo e os agregados, vai aumentar” e causará perdas significantes para a agricultura.

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Na verdade, entre outras, esta questão está ligada às alterações no setor da agricultura. Embora a segurança alimentar não esteja atualmente em risco, “ os impactos de cascata da alteração climática fora da Europa podem afetar ainda mais o rendimento agrícola e os níveis de preços na Europa através de alterações nos padrões comerciais”, explica a AEA. Uma vez que os rendimentos dos agricultores são cada vez mais influenciados pelas políticas em vigor, estes podem proteger-se, por exemplo, ao adaptar as variedades cultivadas, alterar os períodos de sementeira e ao melhorar a irrigação.

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Por outro lado, a maior intensidade da chuva em grande parte da Europa levaria, por sua vez, ao aumento do risco de cheias. A Europa Central e Oriental poderão ver aumentos de chuva intensa de até 35%, seguida pelo sul da Europa com aumentos de até 25%.

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Relativamente aos incêndios florestais, sem precedentes em vários países europeus, o perigo coincidiu com secas e ondas de calor recorde em 2017 e 2018. O aumento previsto no sul da Europa é de cerca de 30 a 40% mesmo num cenário de baixas emissões, mas a prevenção melhorada e a supressão eficaz dos incêndios podem ajudar.

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Por fim, todas as regiões costeiras na Europa verificaram um aumento no nível absoluto do mar e a maioria das regiões verificou-o no nível do mar relativo à terra. O relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o oceano e a criosfera prevê um aumento no nível do mar entre 0,29 m e 1,10 m ao longo do século XXI. As áreas em risco incluem as zonas costeiras da Bélgica, dos Países Baixos, do noroeste da Alemanha, da Dinamarca, do sul da Suécia, do sul e oeste da França e do nordeste da Itália em Veneza.

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De um modo geral, o aquecimento global está a levar a impactos adversos em todos os aspetos da sociedade europeia. É por este motivo que têm de ser priorizadas medidas de adaptação. “A minimização dos riscos da alteração climática global requer ações específicas para a adaptação aos impactos da alteração climática, bem como ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, sugere a AEA.

Cet article est publié en partenariat avec the European Data Journalism Network

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