Antigo Império britânico irrita o continente

Publicado em 16 Novembro 2011 às 13:59

Uma Europa sob a autoridade da dama de ferro Merkel e do seu povo autor do “milagre económico”? A teoria repetida pelos jornais britânicos exaspera a imprensa alemã. Aos editorialistas britânicos que defendem a exclusão da Alemanha da zona euro sob pretexto de ter sido Berlim “a destabilizar o euro com os seus baixos salários, a sua produtividade implacável e a sua famosa mentalidade de carro blindado”, Spiegel-Online responde com um severo “o vosso Império e nós”:

Como sempre, falamos em termos de vitórias e derrotas e das faturas da história por pagar [...] Mencionar a guerra deve ter sido um regalo. Consigo imaginá-los rirem-se. Eu faço o mesmo. Preveem uma contribuição alemã à Europa mais ou menos equivalente às reparações exigidas pelo Tratado de Versalhes. Que interessante! Que útil! [...] Perguntar a esses administradores da herança do Império a sua opinião sobre o mal-estar alemão equivale a dar o seu carneiro preferido ao talhante para que este o examine. Ao ouvi-los filosofar sobre as dívidas históricas da Alemanha, da Europa e do mundo inteiro, custa acreditar que houve um crash financeiro nas ilhas britânicas.

Em Paris, Le Monde constata o “fosso” que separa as visões alemãs e britânicas sobre o futuro da Europa. Por um lado, a chanceler apela a uma maior integração europeia; por outro, o primeiro-ministro David Cameron estima que a crise deve servir de ocasião para “remodelar” a UE à sua maneira. “Isto é, fazendo ‘regressar o fluxo das competências’ a Londres, em vez de ‘permitir o seu desvio’ para Bruxelas”.

Porém, se o casal franco-alemão é imperfeito e desigual, continua a ser indispensável na busca de uma solução para a crise, estima o diário:

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Os alemães, que não querem acabar sozinhos no banco do piloto, são os primeiros a dizê-lo. Uma vez que, se devia contar com os primos britânicos, a Alemanha poderá desde já desistir. Londres optou por não integrar a zona euro, mas reivindica a sua participação nas decisões.

“Neste clima atual, a eterna ambiguidade britânica compromete todos os dias cada vez mais a Europa”, acrescenta Le Monde, que resume o seu pensamento através do título: “Relativamente à Europa, Londres deve escolher ... ou calar-se”.

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