"O ataque da USL contra o Estado de direito afastou-nos de Schengen", acusa o România liberă. Este diário responsabiliza a coligação atualmente no poder pela severidade do relatório da Comissão Europeia no que se refere à situação da justiça e da democracia no país. Este "fracasso" é consequência de uma escalada rápida baseada numa
série de decisões abusivas e anticonstitucionais, que culminaram com a publicação de despachos de urgência em domínios que não podem ser regulados por esse tipo de diplomas, como a limitação das competências do Tribunal Constitucional (que deixou de ter o direito de se pronunciar sobre as decisões do parlamento) e a alteração da lei sobre os referendos.
Por seu turno, o Adevărul recorda que este relatório da Comissão Europeia se insere no âmbito do Mecanismo de Cooperação e Verificação (MCV), "a condição sob a qual a nossa adesão e a da Bulgária à UE foram aceites em 2007", e salienta que o tom do documento é preocupante:
A Roménia recebe o relatório sobre a Justiça mais crítico desde a adesão: os valores fundamentais europeus não são respeitados, a confiança da UE foi abalada, o acompanhamento vai ser intensificado, através de ‘missões periódicas de avaliação’ a Bucareste.
Em editorial, este diário sublinha que todos os progressos contínuos alcançados nos últimos anos foram destruídos no espaço de alguns dias, por culpa do primeiro-ministro Victor Ponta, do Presidente interino Crin Antonescu e do magnata dos órgãos de comunicação Dan Voiculescu:
O que conseguiu o trio Ponta-Antonescu-Voiculescu? Convencer a Europa de que a nossa frágil democracia pode ser demolida com um simples estalar de dedos. E que o Estado de direito é uma ilusão que se desvanece, sob o assalto de alguns despachos de urgência. […] É uma imagem que será fácil de apagar. Mesmo daqui a alguns anos, quando tentarmos entrar nos salões dos grandes do mundo, haverá quem nos recorde o horror de julho de 2012.
Em Sófia, o Sega refere que "o relatório devastador da União Europeia não impede as fanfarronadas de Tsvetanov". Algumas horas antes da publicação do relatório da Comissão Europeia, o ministro do Interior, Tsvetan Tsvetanov, levou a cabo, perante o parlamento, uma "tentativa desesperada" de atenuar o alcance das críticas de Bruxelas:
Nós cumprimos a 100% as recomendações europeias. Mas aquilo que se pode ler no relatório é completamente diferente, ou seja, este afirma que o crime organizado continua a ser o principal desafio que a Bulgária enfrenta.
Perante aquele que muitos consideram como "o pior relatório desde a adesão do país, em 2007", outros, como o diário Standart, tentam mostrar coragem face à adversidade:
O sermão de Bruxelas afasta-nos de Schengen. Mas, por outro lado, põe-nos a salvo de uma vaga de imigrantes clandestinos.
Membro do GERB, o partido de centro-direita do primeiro-ministro Bojko Borisov, o deputado europeu Andreï Kovatchev considera uma "boa notícia" o facto de a Bulgária e a Roménia serem, agora, objeto de relatórios separados. Na realidade, as críticas sem precedentes de que Bucareste foi alvo são o tema que mais ocupa os comentadores búlgaros, que se interrogam sobre os efeitos desta mudança de situação, dado que, anteriormente, era sempre a Bulgária que se encontrava em atraso em relação à Roménia. Contudo, para o diário popular Troud
dizer que estamos melhor, porque os nossos vizinhos bateram no fundo não é uma atitude muito europeia.