Com três letrinhas apenas

Publicado em 30 Abril 2010 às 10:25

Dissipada a nuvem de cinzas do vulcão islandês Eyjafjöll, regressou em força o vento de pânico que assolou a Europa desde que o espectro da falência da Grécia paira sobre a moeda única. E espalhou-se o temor de um efeito de dominó que se arraste aos países mais vulneráveis da Zona Euro – a começar por Portugal e Espanha –, seguindo os caprichos das oscilações das notas das suas dívidas soberanas.

Essas notas, que supostamente deviam avaliar a capacidade dos Estados para reembolsar as suas dívidas, são atribuídas por três grandes agências (Standard & Poor's, Moody's e Fitch), que partilham o mercado em situação de oligopólio. As mesmas agências que não foram capazes de antecipar a crise dos “subprimes” nos Estados Unidos, com as consequências que se conhecem, e que levaram imenso tempo a perceber o que se preparava em Atenas – onde se desenrolava uma cosmética nas contas públicas, para permanecer dentro dos parâmetros da moeda única.

Hoje, põem à prova os nervos dos europeus: basta que baixem a nota de um dos "PIGS" (países não cumpridores, em inglês), para que se desenhe um cenário de fim do euro. Ao mesmo tempo, os europeus familiarizam-se com as séries de letras que, na linguagem da finança, qualificam o risco que o seu país representa para os investidores: AAA, AAB, BBB, BB+ e por aí fora.

Outra série de letras tem estado em alta por estes dias: BHV, de Bruxelas-Hal-Vilvorde, distrito bilingue da Bélgica. A sua separação constitui a pedra de toque das tensões entre flamengos e francófonos belgas, e a ausência de acordo entre eles provocou a enésima queda do Governo de Yves Leterme. O mesmo que deverá assumir, dentro de dois meses, a presidência rotativa da União. Gian Paolo Accardo

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