"Entre a recessão profunda e os bancos em situação precária, entre greves e a traiçoeira *'mão de Deus*' nem Brian Cowen nem os cidadãos da Irlanda conseguem ter sossego, nos tempos que correm." É o que diz um artigo de primeira página do Irish Independent de hoje, descrevendo o estado de espírito sombrio de um país afectado pela crise que, uma semana depois do seu controverso afastamento do Mundial de Futebol de 2010, sofreu as piores cheias das últimas décadas.
Apresentando uma foto do primeiro-ministro Brian Cowen, calçado com botas de borracha, a caminhar pelas ruas da cidade de Ballinasloe, condado de Galway, este diário de Dublin evoca "o vento cortante" e "o cair da noite", que resumem aquilo que impopular líder poderá considerar como o seu "annus horribilis". Com efeito, no momento em que as chuvas abrandam, Cowen vai ter de enfrentar a greve de hoje dos funcionários públicos, que se inclui num protesto de âmbito nacional contra o próximo orçamento do Governo. O orçamento prevê cortes drásticos e dá poucas esperanças a um país que, este ano, registou um défice elevado – mais de 12% do PIB – e um crescimento negativo de 7,5%.