“Falsos lobistas” do Sunday Times forçam reação do Parlamento

Publicado em 1 Abril 2011 às 13:42

A Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu aprovou o plano do seu presidente, Jerzy Buzek, de erradicação da corrupção entre os parlamentares. De acordo com o Rzeczpospolita, o projeto assenta em quatro pilares: o registo obrigatório dos lobistas (até agora era voluntário); o reforço do código de conduta dos deputados, com definição de regras claras sobre as suas relações com os lobistas; mudança das regras de procedimento (necessária para a adoção da nova regulamentação); e, por último mas não menos importante, a criação de uma Comissão de Ética no Parlamento.

"Atualmente", sublinha o jornal de Varsóvia, "não há uma única entidade que possa determinar se um deputado violou o código de conduta”. Esta iniciativa anticorrupção vem no seguimento de revelações do Sunday Times, que propôs subornos a vários deputados – alguns dos quais os aceitaram de bom grado.

Buzek autorizou o Gabinete Europeu de Luta Antifraude para investigar os casos de corrupção, mas recusou o acesso aos gabinetes dos parlamentares, aponta o EUobserver. Para isso, devem "primeiro ser privados da sua imunidade e as autoridades nacionais austríacas e eslovenas têm depois de conduzir os respetivos processos penais", justificou o presidente do Parlamento Europeu.

Os deputados Ernst Strasser (da Áustria) e Zoran Thaler (da Eslovénia) já se demitiram na sequência do escândalo, mas o romeno Adrian Severin continua em funções como independente. Para a Revista 22, que lembra outros casos de corrupção em instituições europeias, este caso é apenas "a ponta do icebergue".

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Em 2008, um dos funcionários alemães mais influentes da Comissão Europeia, Fritz Harald Wenig, já tinha sido forçado a apresentar a demissão, após uma investigação conduzida pelo jornal Sunday Times, utilizando o mesmo método, recorda o semanário de Bucareste: "Os jornalistas fizeram-se passar por lobistas", tentando subornar os eurocratas.

A revista prossegue com a lista de casos precedentes: em 2004, o grego Kalliopi Nikolau, que trabalhava no Tribunal de Contas, no Luxemburgo, terá usado prémios indevidos para comprar um apartamento em Londres; e em 1991, a comissária francesa Edith Cresson colocou um amigo muito próximo em funções de investigação financiadas por fundos europeus. Em suma, conclui a Revista 22, "a corrupção assola Bruxelas”.

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