Feliz Ano Novo, apesar de tudo

Publicado em 4 Janeiro 2010 às 11:06

No início do Ano Novo, os franceses costuma desejar “um bom ano, com muita saúde”. Em 2010, a União Europeia vai precisar de um bom médico para ter um bom ano, porque os sinais de febre e de cansaço são vários:

- “Não podemos esperar que a recessão seja rapidamente ultrapassada", preveniu a chanceler Angela Merkel, nos seus votos de Ano Bom. Vamos ainda falar de desemprego, de descida do nível de vida e de falta de confiança no futuro. A Grécia tentará afastar o risco de falência, enquanto a Irlanda, a Espanha e a Letónia tentarão travar a espiral da crise. É o próprio futuro da moeda única que pode estar em jogo, se a situação se agravar.

- O envolvimento no Afeganistão de soldados holandeses, franceses e sobretudo alemães e britânicos tornou-se um assunto que provoca mal-estar na opinião pública e começa a fragilizar os governos.

- As eleições no Reino Unido podem levar à liderança do país o Partido Conservador de David Cameron, no interior do qual os opositores à Europa parecem ter cada vez mais influência. Os votos checos e polacos vão também determinar as relações de força entre pró-europeus e eurocépticos, e todos vão ter uma influência decisiva nos equilíbrios políticos dentro da UE.

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- As eleições na Hungria e na Eslováquia correm o risco de aumentar as tensões entre os dois países. Os extremistas de direita do Jobbik, em plena ascensão em Budapeste, e o Partido Nacional Eslovaco, que pretende conservar as suas posições no Governo, vão jogar a cartada nacionalista em cima do destino da minoria húngara na Eslováquia.

- A imigração e as questões sobre o lugar do Islão na Europa vão continuar a alimentar tensões sociais e políticas, através do debate sobre identidade nacional em França, mas também na campanha para as eleições legislativas de 2011 nos Países Baixos, onde o Partido da Liberdade, do populista Geert Wilders, espera colher dividendos, e nas eleições regionais em Itália, onde a Liga do Norte tentará fortalecer os seus bastiões.

Paradoxalmente, a absolvição pode vir dos malogros de 2009. A laboriosa entrada em vigor do Tratado de Lisboa, em 1 de Dezembro, deve permitir encontrar um modo de funcionamento estável e duradouro entre as diferentes instâncias. Os primeiros passos do pouco exuberante presidente do Conselho, Herman Van Rompuy, são animadores, uma vez que deseja sobretudo simplificar e tornar mais acessível o trabalho da UE.

Após o malogro na cimeira de Copenhaga, onde não se conseguiu fazer entender pelos Estados Unidos e a China, a Europa deve unir-se para propor e levar a cabo colectivamente um modelo económico e tecnológico que responda ao duplo desafio da mudança climática e da crise. Provado que ficou que não pesam nada sem uma vontade comum, os Vinte e Sete não podem agir de outro modo, se quiserem passar o ano, para não dizer a década, com boa saúde.

Entretanto, para os nossos leitores nas dez línguas, os jornalistas e tradutores do Presseurop desejam um feliz ano 2010!

Eric Maurice

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