“O Estado fracassou na proteção dos cidadãos” contra o terror neonazi

Publicado em 23 Agosto 2013 às 15:11

A comissão parlamentar que investigou o grupo terrorista neonazi Clandestinidade Nacional Socialista (NSU) “chegou à conclusão de que o Gabinete Federal de Proteção da Constituição (Verfassungsschutz), a polícia e a justiça – por outras palavras, o Estado – fracassaram na sua mais nobre tarefa: a de proteger os seus cidadãos”, resume o Frankfurter Allgemeine Zeitung, no dia seguinte à entrega do relatório da dita comissão, e enquanto se desenrola o processo dos membros da NSU, acusados do assassinato de onze pessoas entre 2000 e 2007, em Munique.

Os autores do relatório acusam a polícia de ter investigado de forma parcial, a Verfassungsschutz de ter subestimado o terrorismo de extrema-direita e os dirigentes políticos de terem mostrado pouco interesse no assunto.

“Uma constatação arrasadora e vergonhosa”, estima o FAZ, que critica, no entanto, o relatório por não fornecer “explicações satisfatórias” em relação aos motivos por trás do fracasso do Estado:

Deve-se ao facto de a comissão ter sido formada para encontrar um culpado e aliviar a consciência dos políticos. Todos os partidos […] alinharam […] e ninguém tomou a defesa das autoridades.

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O Tageszeitung considera, em contrapartida, que o relatório “é um documento impressionante de introspeção por parte do Estado”:

Sem qualquer tolerância, o relatório mostra as fraquezas e a cegueira dos serviços de segurança relativamente ao racismo. […] Falta um ponto de viragem histórico. […] Para as autoridades, trata-se de executar as recomendações [dos investigadores] no dia-a-dia. Só assim é que poderemos saber se retirámos as lições deste massacre, ignorado durante vários anos.

Por seu lado, Die Welt faz um verdadeiro elogio ao trabalho da comissão de inquérito:

Os partidos tentaram explicar, todos juntos, os motivos por trás de uma das séries de assassinatos mais terríveis da Alemanha. […] Denunciaram, todos juntos, as lacunas e elaboraram recomendações. O resultado do seu trabalho representa portanto um momento glorioso para o Parlamento. Todos os atores perceberam do que se tratava: o fracasso de um Estado cujas dimensões pareciam inimagináveis antes de se divulgar a existência da NSU.

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