Photo: Rudy Girón

Os fantamas da república de Weimar

O crescimento da extrema-direita no Parlamento Europeu evoca, uma vez mais, o espectro da chegada de Hitler ao poder. Mas há, realmente, motivo para preocupação?

Publicado em 12 Junho 2009 às 17:29
Photo: Rudy Girón

No diário romeno Romania Libera, o analista político Cristian Parvulescu faz a comparação entre a actual União Europeia e a República de Weimar, alimentada, segundo ele, pelo "equívoco político e doutrinário que os partidos de direita geram na Europa". Um equívoco "facilitado pela associação no mesmo grupo do Parlamento Europeu de partidos nacionais pouco compatíveis entre si, como o Povo da Liberdade de Silvio Berlusconi, a União para um Movimento Popular de Nicolas Sarkozy e a União Democrata-Cristã de Angela Merkel", afirma Parvulescu.

Afectadas pela partidocracia e pela crise económica, as democracias europeias encontram-se hoje fragilizadas. "Esta situação confusa”, prossegue, “cria condições para a promoção da retórica nacionalista". Foi assim, recorda, que as coisas se passaram na Alemanha do início dos anos 1930: "Foi a fraqueza dos partidos e a crise económica que provocaram a ascensão de Hitler.” “A história não se deve repetir, a UE está hoje mais forte do que a Europa de há 80 anos", conclui Parvulescu, para quem "o êxito dos extremistas não deve, no entanto, ser minimizado, porque corre-se o risco de os legitimar a nível de política nacional!"

Respondendo-lhe nas colunas do semanário italiano Panorama, o efervescente Giuliano Ferrara ironiza sobre esses jornais segundo os quais "se tem permanentemente a impressão de viver nos últimos dias da República de Weimar. Só que são rapidamente desmentidos pelos factos, como observou ainda recentemente o historiador marxista britânico Eric Hobsbawm".

Ferrara minimiza assim as consequências das eleições europeias, em especial no que diz respeito à progressão da extrema-direita. "Nas europeias, tem-se sempre a impressão de que o fascismo está a chegar, para não falar do racismo", afirma o editorialista conservador italiano, para quem a única coisa real é “a crise dos partidos ideologicamente ligados ao mito do fim do socialismo". Tal como Jörg Haider ou Pim Fortuyn, o controverso líder da direita neerlandesa Geert Wilders não seria, segundo Ferrara, o símbolo do crescimento de "forças autoritárias e machistas", mas antes de "idiossincrasias locais".

Newsletter em português
Tags

É uma organização jornalística, uma empresa, uma associação ou uma fundação? Consulte os nossos serviços editoriais e de tradução por medida.

Apoie o jornalismo europeu independente.

A democracia europeia precisa de meios de comunicação social independentes. O Voxeurop precisa de si. Junte-se à nossa comunidade!

Sobre o mesmo tópico