G. Klerides, T. Papadopoulos e D. Christophias, os três últimos Presidentes do Chipre. Nas cadeiras: "Entrada na Europa", "Entrada no euro", "Entrada no mecanismo" de resgate.

Presidência numa cadeira desconfortável

Pedido de resgate financeiro, boicote turco: Nicósia assumiu a presidência da UE em condições difíceis. Mas é um encontro crucial a que não pode faltar, previne o diário Phileleftheros.

Publicado em 2 Julho 2012 às 13:58
G. Klerides, T. Papadopoulos e D. Christophias, os três últimos Presidentes do Chipre. Nas cadeiras: "Entrada na Europa", "Entrada no euro", "Entrada no mecanismo" de resgate.

O dia 1 de julho foi histórico para o Chipre. A República assume a presidência da União Europeia durante os próximos seis meses. Pela primeira vez desde que o país entrou na UE, em 2004, estamos perante um grande desafio. A Europa atravessa um momento difícil, sobretudo no plano económico, e Chipre vai tentar encontrar saídas e criar um terreno de entendimento entre os países-membros. É uma tarefa difícil para um pequeno país, sem experiência, com capacidades limitadas. Entretanto, para presidir à UE, nem a falta de experiência nem o tamanho do país são um obstáculo. Além do mais, existem mecanismos da União para apoiar as presidências.

Chipre assume esta presidência numa altura em que tem de enfrentar, para além das dificuldades práticas, as ameaças e insinuações turcas [a Turquia, que ocupa a parte norte da ilha, decidiu boicotar a presidência cipriota e congelar as conversações com a UE durante seis meses]. Esta questão permanece possível de gerir uma vez que Nicósia conta com a garantia do apoio dos seus parceiros e de todas as instituições europeias.

Portar-se como os europeus

Mas a este problema, junta-se o do pedido de intervenção do mecanismo de resgate europeu. É evidente que não podia haver pior momento para pedir ajuda. Não diabolizamos o mecanismo de ajuda, nem sequer pensamos que isto é o fim do mundo. Achamos, simplesmente, que é um erro ter recorrido a ele apenas alguns dias antes de assumirmos a presidência da UE. Agora, a atenção vai recair nesse acontecimento e, de facto, desaparecerão todas as vantagens que constituem passar um semestre na liderança da UE. Por isso, pensamos que se o Governo entendia que o recurso ao mecanismo era inevitável, deveria ter desencadeado o processo mais cedo.

Para além disso, continuamos a pensar que a república do Chipre tem capacidade para valorizar a oportunidade que lhe é concedida no exercício da presidência da UE. Queremos acreditar que, graças a uma boa gestão da agenda e dos assuntos que marcarão estes seis meses, o clima pode mudar. Basta que sejamos capazes de gerir os problemas com seriedade e, sobretudo, que não percamos de vista as problemáticas europeias. No terreno e naquilo que diz respeito ao problema cipriota, os acontecimentos não devem ser entendidos de maneira partidária.

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Se exercermos a presidência mantendo um olhar sobre a política interna, será um falhanço fatal. Ninguém quer dar tal imagem. Para não sermos testemunhas de uma tal evolução, é preciso que sejamos sérios e, sobretudo, que nos portemos como os europeus. É também a única saída. Atualmente, a República do Chipre abre as asas para uma viagem curta mas muito importante. Pode chegar muito alto. É o que esperamos e desejamos.

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