França/Bélgica

Protestos contra o filme islamofóbico estendem-se à Europa

Publicado em 19 Setembro 2012 às 14:38

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Após terem assolado vários países do mundo árabe muçulmano, os protestos contra o filme A inocência dos muçulmanos estendem-se à Europa e nomeadamente à França, que acolhe a mais importante comunidade muçulmana do continente (entre quatro a seis milhões de pessoas), e à Bélgica.

“Os islamitas querem continuar a manifestar-se em Paris”, anuncia assim Le Figaro, enquanto circula um apelo nas redes sociais para a organização de um novo ajuntamento em Paris, no dia 22 de setembro, contra o filme produzido nos Estados Unidos e que ridiculiza Maomé e o islamismo. A 15 de setembro ocorreu uma primeira manifestação – não autorizada – nos arredores da embaixada dos Estados Unidos, em Paris. Foram detidas 152 pessoas, principalmente salafistas (um ramo do islamismo radical).

No seu editorial, o diário de direita estima que:

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Temos o dever de reagir com firmeza para manter a situação sob controlo. Os poderes públicos devem proibir, de todas as formas, as próximas manifestações que os salafistas querem organizar, e condenar os instigadores. A França não se pode deixar pisar.

Comentando – sem a citar – a primeira página do semanário Charlie Hebdo, que ilustra um muçulmano numa cadeira de rodas – que poderá ser o Profeta – empurrado por um judeu ortodoxo, Le Figaro alerta:

Não caiamos na armadilha deles, respondendo às suas intimidações com provocações estúpidas. A publicação de caricaturas do Profeta é tão fácil quanto irresponsável.

Na Bélgica, a agitação também continua: "Extremistas ameaçam habitantes de Antuérpia de origem marroquina que se mostraram críticos”, titula assim De Morgen, após as manifestações violentas levadas a cabo por jovens extremistas do grupo radical Sharia4Belgium nos dias 15 e 16 de setembro, no bairro Borgerhout, em Antuérpia, onde 230 pessoas foram detidas.

Para evitar novos confrontos, o presidente da Câmara da cidade flamenga, o socialista Patrick Janssens, proibiu a realização de novas concentrações em Borgerhout a partir de hoje, dia 19 de setembro. Para o redator chefe de De Morgen, Wouter Verschelden, o debate sobre as eleições municipais de 14 de outubro envolve agora maioritariamente “este pequeno grupo de marginais, Sharia4Belgium e afins”.

Um número limitado de jovens que mal têm idade para deixar crescer a barba e proferir palavras provocadoras e de ódio. Uma linguagem que parece sobretudo ter sucesso entre os 12 e os 15 anos, crianças com demasiado tempo livre e que carecem de autoridade parental.

Verschelden considera que a minoria muçulmana não sabe como reagir perante as ameaças feitas por esses “manifestantes marginais” e critica também a atenção que os meios de comunicação social dão a esses jovens, porque é exatamente isso que eles procuram. Segundo ele, não são esses instigadores, mas o contexto urbano e o multiculturalismo que deveriam ser colocados em causa.

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