Na sua edição de 3 de novembro, Le Canard Enchaîné garante que a Direção Central de Informação Interna terá sido encarregada pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy, de “vigiar este e aquele membro da imprensa [que] investigam questões embaraçosas para ele ou para os seus”. O semanário esclarece que o chefe dos serviços secretos, que prefere consagrar-se à luta contra o terrorismo, terá confiado essa missão a um grupo criado para o efeito. Para já, a imprensa francesa não reagiu a estas divulgações.
Mas estas surgem na sequência de roubos de computadores cometidos nas residências e nos escritórios de jornalistas que têm investigado o processo Bettencourt, o escândalo político financeiro que envolve designadamente o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira do grupo L'Oréal. Algumas semanas antes, o diário Le Monde tinha apresentado queixa contra a violação do segredo das fontes, porque os serviços de informação tinham sido utilizados para revelar a fonte de um dos seus jornalistas que investiga aquele caso. Já na primavera passada, recorda o Libération, os serviços secretos tinham sido encarregados de saber de onde vinham os rumores que atribuem um amante à esposa do Presidente, Carla Bruni.
Na Roménia, a controvérsia é gerada pela publicação regular na imprensa de escutas telefónicas, implicando políticos e empresários. "As escutas, de uma ditadura para outra", é o título do Jurnalul Naţional. O diário recorda que esta técnica de espionagem tem uma longa tradição no país, nomeadamente quando era utilizada pelo regime comunista para "avaliar, hora a hora, o patriotismo e a devoção à causa [comunista]". De uma maneira mais geral, o Jurnalul Naţional salienta que “a questão das escutas surge quando um poder se instala definitivamente", porque a obsessão da vigilância é um dos atributos dos poderes fortes e centralizados. Assim, na Roménia, "apesar da mudança de gerações que escutavam às portas, ela permaneceu nos genes do Estado".