Foto-reportagem Manifestações contra o regime de Lukashenko
Enfrentar as tropas em frente ao Parlamento. Minsk, Praça da Independência, Agosto de 2020. | Iryna Arakhouskaya

Bielorrússia, a democracia tem um rosto de mulher

Organizada por dois activistas bielorussas, a exposição fotográfica, vídeo e interactiva intitulada “Democracy has a woman’s face” dá voz aos protestos pacíficos e democráticos na Bielorrússia, liderados principalmente por mulheres. Depois de ter visitado 13 cidades em todo o mundo, a exposição chega a Brasília. Aqui está uma selecção de fotos.

Publicado em 3 Junho 2021 às 16:00
Enfrentar as tropas em frente ao Parlamento. Minsk, Praça da Independência, Agosto de 2020. | Iryna Arakhouskaya

Dar voz ao protesto pacífico e democrático, principalmente de mulheres em Belarus, e denunciar a repressão truculenta e contínua do governo Lukashenko, que recentemente culminou na prisão escandalosa de Roman Protasevich, tirado de um avião da RyanAir, forçado a pousar em Minsk, em desprezo a todas as leis internacionais.

Esse é o objetivo da exposição fotográfica, de vídeo e interativa “A democracia tem rosto de mulher” que duas ativistas belarussas, Olga Aleszko e Anastasiya Golets, pretendem organizar comigo em Brasília (onde vivo e trabalho como fotógrafo).

A exposição, primeira na América Latina, faz parte de um movimento global que já envolveu 13 cidades, incluindo Paris, Berlim, São Francisco, Tóquio.

Os protestos pacíficos pela democracia em Belarus, considerada a última ditadura da Europa, começaram em agosto de 2020. Neles, se destaca um movimento massivo de mulheres que, vestidas de branco, saíram às ruas pedindo o não uso de violência e tentando acabar com os 26 anos de poder excessivo de Lukashenko que, antes das eleições presidenciais, havia declarado: "Nossa Constituição não é feita para mulheres"...

Após a "óbvia" derrota de Lukashenko – maculada, segundo observadores independentes, por fraude eleitoral – explodem os protestos, sempre pacíficos, em particular graças à presença massiva de mulheres. À praça não violenta seguiu-se uma repressão truculenta: prisões em massa de manifestantes, tortura, ameaças, intimidação de ativistas, alguns até desaparecem. Mesmo a imprensa independente paga seu preço, muitos jornalistas são presos. Lembramos que é o único país da Europa com a pena de morte ainda em vigor...

As imagens e os documentários da exposição são eloquentes. Eles ilustram como o movimento é pacífico, mas também como, em tais regimes, uma pessoa pode ir para a prisão apenas por desfilar na rua... com uma flor nas mãos.

O objetivo da exposição é, portanto, chamar a atenção da comunidade internacional para a realidade de Belarus. É também chamar a atenção para questões fundamentais como a democracia, a defesa dos direitos civis básicos, num país onde eles são diariamente pisoteados. E reiterá-los, sobretudo porque o passado, mas também o presente, nos ensinam que a liberdade e a democracia nunca devem ser considerados como algo garantido.

De fato, é também importante trazer essa exposição ao Brasil, onde na atualidade se observam mobilizações populares em prol do fechamento do Congresso e da Justiça Federal em Brasília. Onde se clama por uma intervenção militar…

Para financiar a exposição, lancei um crowdfunding no Kickstarter. Se puder contribuir aqui.

Clique em uma foto para iniciar o slideshow:

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