Foi necessário, é certo, mobilizar monstruosidades lexicais jurídicas, como "cláusulas-ponte", "competências de competências" e "procedimentos de travagem de emergência" – mas, no final, "o Bundestag conseguiu o grande feito", constata o Frankfurter Rundschau. O jornal cumprimenta assim a adopção pela Câmara Baixa do Parlamento alemão, no dia 8 de Setembro, da lei que abre caminho à ratificação do Tratado de Lisboa, exigida pelo Tribunal Constitucional em finais de Junho.
O Parlamento terá pois uma palavra a dizer sobre a adopção das leis europeias, "sem, no entanto, fazer de Berlim o pato manco de Bruxelas". Respondendo ao "estrito mínimo pragmático" dos pedidos dos juízes de Karlsruhe, os deputados deram "um sinal de movimento numa Europa bloqueada", congratula-se o diário, conhecido por ser a favor do Tratado de Lisboa. O jornal observa ainda que a votação de 8 de Setembro deverá impedir "os chefes populistas do CSU [ramo bávaro do CDU de Angela Merkel] de instrumentalizar o debate, de modo a reorientar a política europeia alemã numa direcção resolutamente eurocéptica". Última etapa antes da ratificação do tratado: a passagem da lei no Bundesrat [Câmara Alta], em meados de Setembro.