Neste 15 de março, faz exatamente dois anos que começou o protesto contra o regime sírio de Bashar al-Assad. Desde então, o que tinha começado como um novo capítulo da “Primavera Árabe” transformou-se numa guerra civil que já fez mais de 70 mil vítimas.
E a Europa ainda não conseguiu tomar uma posição comum. Impôs, de facto, desde maio de 2011 um embargo comercial (à venda de armas) assim como sanções que visam personalidades do regime – sanções estas que já foram apoiar política e militarmente Bashar al-Assad.
Por motivos estratégicos e diplomáticos, foi excluído um compromisso militar terrestre da UE. No terreno, tudo leva a crer que a situação está bloqueada, nenhuma das partes parece estar em condições de conseguir uma vitória definitiva, enquanto o regime, que continua a receber armas do Irão e da Rússia, sabe que o tempo joga a seu favor. E o massacre dos civis continua.
Neste contexto, se a Europa deseja que a situação reverta a favor dos rebeldes – reconhecidos por diversos países como o Governo legítimo da Síria – e que o regime negoceie com o ASL, deve alterar a correlação de força com este último. Mas para tal, tinha de suspender o embargo à entrega de armas, como o pediram pela primeira vez no dia 14 de março o primeiro-ministro britânico e o Presidente francês.
Já foram discretamente adotadas medidas unilaterais para abrandar o embargo, mas diversos países do Norte, a começar pela Alemanha, continuam a opor-se ao seu levantamento total. Temem, como recorda Le Monde, que “as armas eventualmente entregues caiam nas mãos de grupos jihadistas, suscetíveis de as utilizar contra minorias ligadas ao regime, ou até mesmo contra os interesses ocidentais nos países vizinhos da Síria”.
No entanto, as coisas parecem estar a mudar: no Conselho Europeu dos dias 14 e 15 de março, os dirigentes da UE esquema líbio e tomar a iniciativa sozinhos? Isto poderia alterar a situação na Síria, mas seria mais um golpe para o que resta da diplomacia europeia.