Referendo na Escócia

Os custos e os benefícios da independência

Publicado em 17 Setembro 2014 às 08:53

Segundo o vencedor do Prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, não há razões para temer a independência da Escócia, dado que apesar de implicar alguns custos, também traria benefícios significativos. Num editorial publicado no The Scotsman, Stiglitz afirma que “existe, na verdade, pouco fundamento para os receios expressos”.
Antes de mais, Stiglitz não tem qualquer dúvida de que uma Escócia independente “continuaria a fazer parte da Europa” e também acredita que a moeda “não é um problema”:

poderia chegar-se a vários acordos cambiais. A Escócia poderia continuar a usar a libra esterlina – com ou sem o consentimento da Inglaterra. […] Uma vez que as economias da Inglaterra e da Escócia são tão parecidas, uma moeda comum provavelmente funcionaria melhor do que o euro, mesmo sem uma política fiscal comum.
“A questão fundamental com que a Escócia se depara é diferente”, escreve Stiglitz:
está claro que, na Escócia, existe uma espécie de visão e valores partilhados: uma visão do país, da sociedade, da política, do papel do Estado; dos valores como a justiça, a equidade e a oportunidade. […] A visão e os valores escoceses são diferentes dos que dominam a sul da fronteira. A Escócia dispõem de uma educação universitária gratuita, enquanto a Inglaterra tem vindo a aumentar as propinas dos estudantes, obrigando os estudantes com pais sem condições financeiras a contrair empréstimos. A Escócia reafirmou várias vezes o seu compromisso para com o sistema nacional de saúde, enquanto a Inglaterra tem vindo a inclinar-se para a privatização.
Desta forma, conclui Stiglitz, “a independência terá os seus custos – ainda que estes tenham de ser demonstrados de forma convincente –, mas também tem os seus benefícios”: a Escócia poderia decidir onde investir e como “obter mais benefícios dos mesmos através da tributação”.
A questão mais complicada que a Escócia tem de enfrentar é
é se o futuro do país – a sua visão e os seus valores partilhados, cada vez mais distantes dos que dominam a sul da fronteira – será melhor através da independência.
O principal problema é, segundo Stiglitz, o que poderia acontecer “se a Escócia permanecesse no Reino Unido e este saísse da UE”. Na minha opinião, “os riscos de deterioração são, de qualquer forma, significativamente maiores”.

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