Perdido que nem um sueco em Poltava

Em honra da presidência sueca da UE, cafebabel.com faz uma viagem pelas expressões que, nas várias línguas se referem à pátria de Anita Ekberg.

Publicado em 14 Agosto 2009 às 16:36

Se, na insensata esperança de rivalizar com Anita Ekberg, actriz de eleição de Federico Fellini, passasse pela cabeça de Zlatan Ibrahimovic a ideia absurda de tomar banho na Fonte de Trevi, em Roma, o ex-ponta-de-lança do Inter de Milão continuaria bem longe de encarnar o protótipo da beleza viquingue… De origem bósnia e croata, o jogador de futebol nasceu no subúrbio de Malmo; pode, quando muito, orgulhar-se de ser compatriota de Ingmar Bergman e de Pippi Calzaslargas.

Do mesmo modo, quando do alto das bancadas os admiradores lhe recomendam, em espanhol, “No hacerte el sueco!” (literalmente, não te faças de sueco), não é a sua nacionalidade que está em causa, mas a sua capacidade de fazer render os 45 milhões de euros desembolsados pelo clube de Barcelona para arrancar esta estrela ascendente dos Balcãs das garras dos lombardos. Na verdade, a palavra “sueco”, em castelhano, designa o habitante do pedaço da Escandinávia que é sobrevoado pelos gansos selvagens de Nils Holgersson; no entanto, é homónima da palavra latina “soccus”, que é a realmente utilizada nesta expressão, designando uma peça de madeira bruta a partir da qual são talhados os tamancos. Em suma, o sueco acaba conotado com “surdo que nem um tamanco”.

Uma prisão chamada jardim sueco

O prestígio da Suécia e dos seus habitantes nunca surge empalidecido. Se assim fosse, os alemães demonstrariam imediatamente o contrário, quando, para exprimirem espanto e admiração perante um fenómeno de respeito, exclamam extasiados: “Alter Schwede! ” (“Grandes suecos!”). A expressão remonta à Guerra dos 30 Anos, no século XVII, período em que o Rei da Prússia, Frederico Guilherme I, recrutava soldados suecos, conhecidos pela sua bravura e ferocidade, para o seu exército em formação. Perante tão temíveis instrutores, os recrutas recalcitrantes tornavam-se bastante cuidadosos sob pena de irem estagiar nas estufas pouco agradáveis do “Schwedische Garten” (“jardim sueco”), ou seja, “na pildra”.

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A um polaco preocupado com a possibilidade de uma donzela poder não vir a estar à altura das expectativas, responde-se: “To coź źe ze Szwecji” (“Raio de pergunta para um artigo da Suécia!”) Já o russo, se a boneca não se apresenta a seu gosto, apressa-se a devolvê-la “à procedência”: “Пропал, какшведподПолтвой” (“como os suecos em Poltava”). A expressão, refere-se ao lugar onde os exércitos de Carlos XII sofreram uma derrota esmagadora perante o Czar Pedro o Grande, episódio que marca a entrada em cena da Rússia na história europeia e precipita o declínio da potência nórdica, que até aí transformara o Báltico num “lago sueco”.

Em Portugal, “sueco” designa o padrão da beleza nórdica. Uma loira alta, elegante, de olhos claro, cabelo ao vento e pele de bebé nunca é uma beleza “norueguesa” ou “dinamarquesa”: é sempre uma “estampa sueca”.

Futurando para o espaço global europeu, se Estocolmo obtiver resultados arrebatadores à frente da União Europeia nos próximos meses, nada impede que “Lycka till!” (“Boa sorte!”) se torne um adjectivo europeu de futuro, do tipo: “os produtores de leite europeus esperam deste novo elenco uma intervenção lycka till”…

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