Acordo de comércio transatlântico

Um bom acordo para Cameron e Obama

O acordo de comércio UE-Estados Unidos beneficia sobretudo David Cameron e os Estados Unidos: para o primeiro-ministro do Reino Unido, é parte essencial do seu plano para ganhar apoio para manter o país na UE. Para a administração de Obama, é uma vitória económica que irá impulsionar o emprego e as exportações, dizem o “Wall Street Journal” e a imprensa alemã.

Publicado em 18 Junho 2013 às 16:55

Para The Wall Street Journal, o anúncio das negociações sobre comércio é o resultado de meses de conversações de bastidores de diplomatas britânicos, tanto para garantir o apoio ao acordo de comércio como para assegurar uma vitória diplomática para o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anfitrião da cimeira de líderes do G8, na Irlanda do Norte. O diário económico escreve:

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Para Cameron, a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) é muito mais do que um acordo comercial. É fundamental para a sua campanha de reconciliação do Reino Unido com a adesão do país à UE antes do seu prometido referendo em 2017. [...] Cameron aposta em que um TTIP bem-sucedido irá reduzir substancialmente a pressão que está a sofrer para que faça, antes de 2017, uma renegociação global dos termos da adesão britânica. O TTIP oferece a Cameron uma maneira politicamente agradável de colocar o Reino Unido diretamente no coração da Europa, o seu apoio entusiástico a um projeto tão ambicioso, ajudando a desfazer um pouco a desconfiança causada pela sua anterior má gestão das relações essenciais com a Europa.

Para Die Welt, o acordo sobre a zona de comércio livre entre a UE e os Estados Unidos “beneficia sobretudo os norte-americanos”. Segundo um estudo do instituto de sondagens Ifo, realizado a pedido da Fundação Bertelsmann, que analisa as consequências de uma tal zona para 126 Estados, a sua entrada em vigor permitiria

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criar 1,1 milhões de empregos suplementares nos Estados Unidos e o PIB real por pessoa aumentaria 13,4%. Pelo contrário, poderia ser consideravelmente prejudicial para os países que não são membros da zona [porque] os Estados das zona de comércio livre importariam muito menos produtos vindos de outros países. E isso influenciaria o rendimento por habitante dos parceiros comerciais tradicionais dos Estados Unidos, como o Canadá (menos 9,5%) e o México (menos 7,2%).

O Frankfurter Allgemeine Zeitung sublinha que um dos resultados do acordo, no futuro, seria a diminuição do comércio dentro da UE:

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O volume do comércio entre a Alemanha e os países do Sul da Europa poderá atingir uma diminuição de 30% […] e de 23% entre a Alemanha e a França […], ao mesmo tempo que aumentaria em dois dígitos com os Estados Unidos. [Em resumo], a união aduaneira [criada pela UE em 1968] ficaria desvalorizada.

Por seu lado, o Tageszeitung partilha as preocupações expressas por uma associação de 22 ONG, que afirma que as garantias dos consumidores europeus ficarão prejudicadas quando os mercados europeus se abrirem aos Estados Unidos.

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Frangos desinfetados com lixívia, gado clonado e alimentos transgénicos – tudo isso são ameaças para os consumidores europeus.

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