Brincar com o fogo

Publicado em 28 Agosto 2009 às 14:40

No coração da Europa, tons, atitudes e gestos que pensávamos terem desaparecido com o século XX, manifestam-se, nos últimos tempos, com uma frequência e uma intensidade inquietantes. Há vários meses, os responsáveis políticos húngaros e eslovacos vão buscar ao repertório do nacionalismo mãos-cheias de argumentos susceptíveis de os fazerem subir nas sondagens.

A evocação da bacia dos Cárpatos , que reuniria todos os magiares, surge em resposta à lei de defesa da língua eslovaca; a subida do Jobbik reproduz a do Partido Nacional Eslovaco (PNS), e por aí fora, numa escalada em que o maisrecente episódioraia o grotesco: o Presidente húngaro, Laszlo Solyom, viu o acesso ao território eslovaco ser-lhe vedado pelo primeiro-ministro de Bratislava, Robert Fico (que governa com o PNS). "Quando os ânimos aquecem, o mais pequeno acontecimento pode transformar-se numa declaração de guerra política. Ora os políticos gostam de brincar com o fogo", recordaGabor Stier no diário húngaro Magyar Nemzet.

Contava-se que a adesão à UE contribuísse para varrer impulsos nacionalistas reprimidos após 1918, depois asfixiados em nome da "amizade entre os povos", antes de se diluírem depois da queda do Muro. Aparentemente, não foi suficiente. Será, pois, altura de a União deixar de "manter os braços cruzados, enquanto dois dos seus Estados-membros se digladiam" e intervir. Afirmar, como fez um seu porta-voz citado por Gábor Stier, que "não está prevista nenhuma medida para este tipo de conflito", não pode ser desculpa. gp.a.

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