E pluribus unum?

Publicado em 21 Agosto 2009 às 12:39

Quando pensamos numa Europa unida, é difícil evitar comparações com os Estados Unidos. Absorvidos em disputas intermináveis sobre a ratificação do Tratado de Lisboa, a expansão da Zona Euro ou o modelo da política externa da UE, nós, europeus, parecemos esquecidos de que foi a Constituição dos EUA que criou as bases para um Estado norte-americano forte. Inicialmente, eram apenas uma confederação frouxa de Estados, até 1792 não tinham moeda única e durante pelo menos 100 anos faltou-lhes uma política externa una. O que possibilitou o êxito posterior dos Estados Unidos da América não foi apenas a visão dos Pais Fundadores, mas igualmente a dos colonos anónimos que cruzaram o Atlântico em busca de realização pessoal ou com a missão de construir um melhor Mundo Novo. De uma grande diversidade nacional e cultural, desenvolveram, com o tempo, um forte sentido de unidade e de identidade “americana”.

Consumida pelo esforço exigido pelo seu mais recente alargamento e pela crise económica global, a Europa está agora dividida por interesses nacionais e pela falta de uma visão de longo prazo – tanto a nível individual como nacional. O fosso entre os centros ricos e as periferias pobres custa a fechar. Os primeiros não sentem necessidade e às últimas faltam os meios para acelerar ou sequer definir o processo. Alimentando o sonho de se transformar num paladino do “soft power” – influenciando a política internacional por meios culturais ou ideológicos –, a Europa esquece-se de que o poder brota da unidade e precisa de uma visão, como a da divisa norte-americana: “E pluribus unum”, ou seja “De muitos, um”. T.J.

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