Restrições ao crédito ao Leste

Publicado em 24 Novembro 2011 às 13:53

Cover

"A autoridade austríaca dos mercados financeiros e o banco nacional restringem os créditos ao Leste", afirma Die Presse, após a decisão dos dois organismos de exigir que os bancos aumentem entre 2% e 3% as suas reservas de fundos próprios e limitem a "concessão excessiva de créditos" aos países da região. Esta medida ocorre no momento em que a agência Moody's se prepara para analisar as perspetivas de notação da dívida austríaca.

Viena quer manter a todo o custo o seu precioso "AAA". No seu comentário, este diário de Viena diz recear "a falência do Estado, induzida pelos bancos, à semelhança do que aconteceu na Irlanda”, porque, "depois de anos de verdadeira corrida ao ouro", os bancos austríacos investiram cerca de 300 mil milhões de euros – mais do que o PIB do país – na Europa Central e Oriental, estimando-se que entre 6% e 40% desse montante corresponda a ativos tóxicos.

"A decisão do Banco Central austríaco encerra uma fase da crise atual e é provável que dê início a outra", considera o România libera, de Bucareste. "Os efeitos concretos serão graves – pressão adicional sobre o leu, taxa de juro em alta, dificuldade do Estado se financiar – mas podem ser superados. Mais grave ainda é o efeito simbólico, porque, deste modo, percebemos que a Roménia passou a ser encarada como um país emergente, com as vantagens e os riscos consequentes, onde ainda vale a pena investir, mas apenas quando se conhece uma forma de sair da situação mais tarde".

Newsletter em português

Para este diário de Bucareste, que recorda que os bons tempos de 2007, quando "os banqueiros gregos e austríacos se esforçavam por estar presentes no mercado do Leste Selvagem acabaram", "a Áustria sacrifica a Roménia, onde, juntamente com a Grécia, detém mais de metade do sistema bancário, para se salvar a si própria". Em resumo, é "o fim trágico do colonialismo financeiro".

No que se refere à República Checa, o Respekt receia que "países como a Hungria, a Roménia, a Sérvia e a Ucrânia sejam obrigados a enfrentar, pelo menos da parte dos bancos austríacos, um brusco credit crunch, uma súbita redução da disponibilidade de empréstimos". Os países como a República Checa e a Eslováquia poderão também sentir as consequências, porque a imprensa internacional esquece que a sua situação é muito diferente da dos outros países da região, salienta o semanário de Praga: "Na República Checa e na Eslováquia, poupa-se muito. Os dois países estão relativamente subendividados. Não apenas no que se refere às grandes empresas […] mas também, e sobretudo, aos pequenos comerciantes. Por exemplo, o volume dos empréstimos hipotecários nestes países corresponde a apenas 25% do PIB, enquanto essa percentagem é de 55%, na Europa Ocidental, e de mais de 100%, no Reino Unido."

Tags

É uma organização jornalística, uma empresa, uma associação ou uma fundação? Consulte os nossos serviços editoriais e de tradução por medida.

Apoie o jornalismo europeu independente.

A democracia europeia precisa de meios de comunicação social independentes. O Voxeurop precisa de si. Junte-se à nossa comunidade!

Sobre o mesmo tópico