Troika oferece mais tempo para respirar, em troca de mais austeridade

Publicado em 12 Setembro 2012

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Portugal descobriu que vida em 2013 vai ser ainda mais difícil do que em 2012. Na mesma altura em que a troika UE/BCE/FMI concede mais um ano a Lisboa para atingir a meta de um défice de 3%, o Governo está ocupado a lançar novas medidas de austeridade.

A 7 de setembro, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho surpreendeu toda a gente ao anunciar um aumento de 7% na contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, ao mesmo tempo que a contribuição das empresas foi reduzida em 5,75%. Depois, a 11 de setembro, o ministro das Finanças Vítor Gaspar acrescentou 13 novas medidas. Entre elas, corte nas pensões, aceleração dos cortes no número de funcionários públicos, um aumento do IRS e uma subida de 1,1% da contribuição dos trabalhadores liberais para a Segurança Social.

Para o Público, estas medidas são

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dois murros no estômago [que] em apenas cinco dias causaram danos profundos. O clima de rutura social e política consolida-se. (...) Uma vez mais, o país caminha sobre brasas. É bom que se perceba que o espetro da bancarrota e o destino trágico da Grécia continuam à espreita. Para sobreviver à tempestade, o Governo tem de renovar o pacto político e social e de promover uma remodelação. Mas, acima de tudo, tem de eliminar, ou pelo menos mitigar, esse vírus que é o foco de todos os problemas: a ideia absurda de pôr os trabalhadores a financiar o seu próprio emprego com contribuições para os patrões.

O Jornal de Negócios, por seu lado, denuncia os sucessivos erros políticos “que sacrificam o país para não se perder a face, ou as eleições” e defende que o Governo e a troika falharam:

O Governo falhou as previsões, afinal a economia não vai contrair 4% em dois anos, mas em 6% em três anos. O Governo fracassou no objetivo de redução do défice orçamental. Felizmente, ganhámos um ano. Mas não é uma ajuda da troika a Portugal, é uma ajuda da troika à própria troika, corresponsável por este falhanço. Uma ajuda da troika seria outra coisa: seria baixar a taxa de juro cobrada a Portugal. Se neste momento países como a Alemanha se financiam a taxas próximas de 0%, por que razão nos cobram quase 4%?

O Diário de Notícias escreve que:

o anúncio do BCE, há cinco dias, de estar disposto a apoiar o regresso ao mercado dos títulos portugueses mais longos até setembro de 2016 (…) não servirá para aliviar o empobrecimento da população em geral. (…) O Governo está a pedir aos portugueses um esforço de redução do défice "na ordem dos 4,9 mil milhões de euros", valor quase seis vezes superior à redução necessária combinada com a troika.

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