Manifestação em à Caen (Normandia), a 19 de outubro de 2010.

Um protesto que ultrapassa as pensões de reforma

Os tanques dos postos de gasolina estão vazios, os manifestantes queimam automóveis e as escolas estão fechadas. A França está paralisada pelos grevistas que se opõem à revisão das pensões de reforma. No entanto, não se trata apenas do problema das pensões: é o sistema montado por Sarkozy que está a ser posto em causa.

Publicado em 19 Outubro 2010 às 14:26
Manifestação em à Caen (Normandia), a 19 de outubro de 2010.

E eis que os camionistas entram na dança. Desde o passado fim de semana, os motoristas de veículos pesados bloqueiam as estradas, expressando a sua oposição à revisão do sistema de reformas. Os empregados das refinarias, por seu lado, já passaram à ação: as barricadas que levantaram em volta dos depósitos de combustível podem privar o país de gasolina. Há já vários dias que os ferroviários estão em greve e os estudantes preparam-se para encabeçar o movimento. Todos querem ir para as ruas, numa sétima jornada de mobilização nacional contra a revisão do sistema das pensões de reforma.

[…] **Este artigo foi retirado a pedido do proprietário dos direitos de autor.**

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“Há algo de ridículo nos miúdos da escola em greve pelas suas pensões”, lamenta Gideon Rachman no [Financial Times](http://www.ft.com/home/uk). Mas as greves em França, afirma, “estão a causar sérios transtornos à economia, com o perigo de o país vir a ficar sem gasolina”. Com a crise europeia em pano de fundo e o governo com 5% acima dos 3% definidos pelo Pacto europeu de Estabilidade e Crescimento, Rachman critica os franceses por darem provas de “não compreenderem a gravidade da situação em que se encontram… A proposta do Governo de adiar a idade da reforma dos 60 para os 62 é extremamente moderada – se a compararmos com os cortes nos salários, pensões e serviços que estão a ser aplicados em outros países europeus endividados, como é o caso da Grécia, Espanha, Irlanda e até mesmo o Reino Unido (…) Será precisa uma verdadeira crise fiscal para convencer os franceses de que, como um dia disse Margaret Thatcher, ‘Não há alternativa.’”

Philippe Marlière, mestre de conferências na University College de Londres, apresenta no Guardian um ponto de vista bem diferente: “O Governo, paternalmente, considerou-os ‘miúdos manipulados’, mas esses comentários foram contraproducentes e serviram apenas para galvanizar os miúdos… Os pais preocupam-se com o futuro dos filhos e, por isso, não os impedem de fazer greve”. “Há uma sensação de indignação”, adianta, “provocada pela imposição de uma medicina neoliberal para curar uma doença causada pelas mesmas políticas neoliberais. Os franceses não se opõem às reformas: exigem simplesmente que a riqueza seja redistribuída e os recursos direcionados para aqueles que deles mais precisam.”

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